quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Chalera#01

O Chalera morava num lugar sujo. Modéstia, era imundo. Mas pra ele tava bom,

não gostava de limpar, dizia que não adiantava limpar, por que ia sujar de novo.

Deixava essa tarefa para o seu amigo, o tempo. Mas nem se lembrava mais quando fora a última vez

que o tempo tinha cumprido suas obrigações.

Chalera julgava que o acontecimento mais fantástico de sua vida, foi quando perdeu 1/3 do dedo mindinho da mão direita no exercito. Tinha acontecido ha 20 anos atrás, mas ele lembrava como se fosse hoje.

Estava de castigo, trabalhando na cozinha, quando começou a travar a maior batalha que um homemjá havia travado com um nervo de carne bovina em toda a historia. Bom, o nervo continuou la, a terça parte do minguinho não.

Conseguiu se aposentar mais fácil do que imaginava, afinal chegou no exercito inteiro, saiu invalido.

Desde então vivia as custas da pensão que o governo lhe pagava. Nada mais justo.

Passava os dias a base de alcool, cigarros, ração de cachorro, e carne sem nervos. Achou que se comprasse ração de cachorro, ia ser mais barato e vantajoso, ja que reunia tudo o que ele precisava em um lugar só, e a carne...bom, carne é carne.

Mas aquele dia, Chalera tinha acordado inspirado. Disposto a limpar todo seu casebre de três cômodos. E nada iria lhe impedir.

Começou pelo quarto/sala/hall de entrada. Arredou o sofá feito de pneus velhos de caminhão, e só teve uma coisa a declarar:

- Filha da puta, como ousou se esconder de mim?

Em meio a quatro chicletes grudados no chão, uma bola de pelos que devia ser do seu antigo gato,14 tampinhas de garrafa de cerveja,e algo parecido com vomito grudado no chão, lá estava ela, brilhando, parecia que ria da cara dele. Ele não podia aceitar, mas ficou feliz em saber que tinha 600 ml de cachaça ali, no chão. Ficou tão eufórico que por mais que tentasse não conseguia se lembrar do que estava fazendo quando achou a cachaça.

O jeito foi beber, beber pra lembrar.

Chalera era um novo homem, jurou que nunca mais deixaria uma garrafa de cachaça enganá-lo daquele jeito, nem que pra isso tivesse que fazer uma promessa.

- Eu juro, que se alguma garrafa de canha me enganar de novo,eu, eu, eu... Eu limpo toda minha casa!

Se passaram 20 segundos e ele pensou, "limpar a casa, que pensamento estúpido, pra que limpar, se vai sujar de novo? Eu hein, nunca pensei nisso e não é agora que vou pensar.

Limpar a casa... ha ha"

E rindo de si mesmo e suas idéias absurdas, tomou o terceiro gole, que ja nem descia mais tão rasgante, e começou a se embebedar.

Um comentário:

  1. chaleira é o nome do cara que me ensinou a nadar! muito bom muri muri, ja to curiosa pra ler as próximas chaleirices. =)

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